Anormal

Nunca tive uma visão sobre mim pautada no senso comum do que pensavam sobre ser: sertaneja, mulher, protestante, de raízes indígenas sem viver numa aldeia, jornalista, cientista… E durante um momento enquanto cozinhava uma das centenas de almoços que já fiz nesse isolamento social, pensando sobre a escrita dessa coluna, fiquei me questionando sobre meu

A vida é um grande sonho

Das memórias mais nítidas que carrego da infância é caminhando de mãos dadas com mainha, indo ao Cemitério Sao Miguel. Era sagrado, todos feriado de Dia de Finados, estávamos lá. Só que a visita era preparada antes. Porque ela nunca deixou enquanto viva de cuidar de seus mortos, de suas memórias. Da limpeza do túmulo,

Infantilidades

Sempre que vejo uma mulher grávida ou uma criança, intimamente eu fecho os olhos. É a mesma sensação de quando vejo uma estrela cadente iluminar os céus. É uma emoção. Peço para Deus guiar a vida daquele ser. Quando olho às vezes para uma pessoa adulta, fico pensando na criança que um dia ela foi.

De repente a vida acaba

Eu tomei emprestado aqui o título do livro da querida escritora Clotilde Tavares. Primeiro porque concluí a leitura dele a semana que passou. Eu demoro lendo um livro, e ainda tenho o costume de ler alguns títulos num mesmo período. E se algo na leitura me abala, afeta consciente ou inconscientemente eu paro. E demoro

A industrialização da fome

Comecei a semana escutando um podcast, Café da Manhã, em que a escritora e cozinheira Rita Lobo, entrevistada, falava da importância do Guia Alimentar para População Brasileira. É que recentemente setores da indústria alimentícia no País querem revistar a norma técnica, que de tão qualificada norteou notas técnicas de países como Canadá. O Guia é

Sol de Primavera

Eu tomei emprestado o título da música do Beto Guedes e Ronaldo Bastos. É uma canção antiga(1979), certamente muitos jovens não a conhecem ainda. Sobre quantas vezes cantei essa canção nem sei ao certo. Imagino que umas trocentas vezes, por ocasiões diversas. Sozinha, sorrindo ou chorando. Em algum momento abraçada à amiga Maria de Lourdes

Coveiro virtual

É estranho mesmo, mas há quem adore uma notícia mórbida, mesmo aquela pessoa muito “caridosa” que diz levar em conta a dor de alguém. Me deparei muito cedo com esse tipo de realidade. Quem nasceu no interior, uns quarenta anos passados, deve ter algum registro na memória de ajuntamento de gente em torno de tragédia.