Vacinação

Não me lembro de haver pensado tanto em vacina quanto em 2020. Embora a vacinação sempre tenha feito parte das nossas vidas. Quem na década de 1970 como eu nunca deixou de lembrar da pistola icônica que furou nossos braços magrinhos, nem apagou do corpo as marcas deixadas por catapora, para quem a contraiu na

A mata da barreira

Há quase seis anos moro próximo de um pedaço muito pequeno de Mata Atlântica. Toda vez que olho as fotos do lugar em que moro, nos grupos de fotos antigas da cidade, me dá uma dor e uma dó tremenda. De que todo o esplendor natural tenha se transformado em pedaços de concreto. Mesmo que

Um banho no mistério

Quando entro no quarto de banho penso nos rituais das mulheres orientais dos muitos filmes israelenses, palestinos, iranianos que vi ao longo do tempo. Momento ritual, purificação. Lembro também dos cenotes do México, das cachoeiras em que pude me banhar, das imagens das lavadeiras à beira do rio, e dos riachos que umedecem as paisagens

Nina

Há doze anos que Nina me transformou num puf. Isso começou em 2008 quando chegou em nossa casa. Naquele período foi o alento para dois adultos escrevendo teses de doutorado, e para uma criança com apenas seis anos. Cabia na mão, e se pensar bem, cresceu muito pouco. De lá para cá ela me humanizou

Sementes de papel

Tento chegar em 2021, me desvencilhar um pouco do resquício do cordão umbilical de 2020. Mas tenho a sensação de que enquanto a vacina não chegar para todos e todas haverá sempre Covid-19 à espreita. E por isso sigo construindo umas rotas de fuga. Final do ano, recebi da TAG Experiências Literárias, a primeira edição

V no país sem vacina

A desinformação é o que faz V. ser tão odiada. Mas não é apenas isso. Embora seja uma grande contradição, ao longo da história V. vem sendo reprimida, violentada e por vezes exterminada. Há quem também sinta nojo de V. Embora continue sendo ela muito, muito desejada. Há de tudo na história de V. De

Feminicídio estrutural

É com muito pesar que digo o óbvio: o Brasil é feminicida, porque o feminicídio é estrutural. E, em que pese alguma exceção, que se manifesta contra o extermínio de alguma mulher – especialmente a depender do status social dela – são raras as instituições que de fato agem cotidianamente para superação do padrão cultural

Um atestado de sobrevivência

Muito recentemente vi uma reportagem sobre a superlotação nas praias e num dos principais centros comerciais do país. Pessoas e mais pessoas comprando mercadorias para abastecer suas lojas de um lado. E dezenas de pessoas sem máscaras curtindo o verão. As imagens poderiam ser expressões de uma certa sazonalidade na cobertura dos eventos natalinos, de

Um espelho

Chegou dezembro, mas ainda em novembro gestores já colocaram luzes nas árvores, enfeitando a cidade. Deixando o clima mais natalino. Eu sei que o Natal aquece um pouco mais o coração da gente. Ou talvez inquiete mais nosso coração. Tento me apegar as coisas boas, a Esperança. Mas nunca lí Poliana Moça, por achar um